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Você sabia que o trauma psicológico traz sintomas físicos? Entenda o porquê

Você tem percebido que em seu dia a dia, em algumas ocasiões, seu corpo começa a apresentar algum desconforto, como coração acelerado, mãos suadas, falta de ar, tremor? 

Grande parte das vezes esses sintomas físicos acontecem por causa de alguma questão emocional de ordem traumática.

Nesse artigo trago um pouco dos conhecimentos da Neurociência e da Psicologia para que você possa entender porque uma situação ruim que tenha acontecido anos atrás ainda pode prejudicar o seu dia a dia. 

O cérebro traumatizado é um cérebro que está em constante vigilância, o que chamamos de hipervigilante. Ele trabalha como se estivéssemos o tempo todo em perigo, e por isso ele não pode nunca descansar. 

A hipervigilância faz com que uma pequena estrutura no sistema do cérebro responsável pelas emoções, chamada amígdala, acione o nosso sistema de luta e fuga, estimulando a produção de hormônios do estresse. É como se ela nos avisasse que o perigo está próximo e por isso precisamos nos preparar para lutar ou fugir. 

Então, o corpo reage para a luta ou fuga, fazendo o coração bater mais rápido para bombear o sangue e junto com isso, precisamos de mais oxigênio para que o sangue o leve para os músculos, então ficamos mais ofegantes, podendo ter sensação de falta de ar. Além disso, podemos apresentar outras reações como aumento da pressão arterial, transpiração, tremor, dificuldade para dormir. Essas reações vão se diferenciar de pessoa para pessoa.

Mas por que nosso cérebro acredita que precisamos lutar ou fugir?

Provavelmente você já ouviu falar dos gatilhos, não é mesmo? Gatilhos são situações que fazem com que os sintomas venham à tona. Na Psicoterapia EMDR chamamos esses gatilhos de disparadores do presente, pois entendemos que algo que vivenciamos no presente remete ao trauma que aconteceu no passado. 

Respondendo a pergunta acima: nosso cérebro acredita que precisamos lutar ou fugir porque, provavelmente, se deparou com algo que remeteu ao evento traumático e não soube diferenciar que esse evento é uma situação do passado e que não está mais ocorrendo. 

O curioso é que mesmo cientes de que estamos em um ambiente seguro, e não estamos passando pela mesma situação do trauma, esses disparadores do presente (gatilhos) fazem nosso corpo ter reações como se realmente estivéssemos em perigo. 

Para nos livrarmos desses sintomas que ocorrem cada vez que nos deparamos com um gatilho, o corpo precisa entender que o perigo passou e então viver a realidade do momento atual. Mas como isso é possível?

Algumas práticas em nossa rotina podem contribuir para o alívio dos sintomas, como a realização de exercícios físicos, pois assim o corpo entrará em ação e por meio do movimento trará a sensação de que obedecemos o alarme da amígdala e realmente lutamos ou fugimos do perigo. E a Psicoterapia, que auxiliará na organização da memória traumática para que o cérebro e corpo consigam distinguir o que é referente ao passado e não faz parte do presente.

Fonte: VAN DER KOLK, Bessel. (2014) O corpo guarda as marcas: cérebro, mente e corpo na cura do trauma. Tradução: Donaldson M. Garschagen. Rio de Janeiro: Sextante, 2020.

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